11/05/2015

Dia da mãe que TE pariu

Acho chato isso de datas comemorativas. A distância física da família e dos amigos e o passar dos anos só faz essa minha preguiça aumentar. Mas não foi sempre assim.

Eu gostava da Páscoa e do Dias das Crianças, quando criança. Óbvio que gostava. Adorava ganhar ovos de chocolate e brinquedos novos nessas datas. Gostava do Natal também, de comer nozes, rabanada, montar árvore e quebrar bolinhas, de rasgar os pacotes de presente, da figura do Papai Noel. Eu gostava de colorir gravatinhas de papel para o Dia dos Pais e de ensaiar a musiquinha do Dia das Mães. Mas ainda na infância essas festinhas no colégio começaram a me incomodar.

Eu tinha um amiguinho da escola que não tinha mãe. E sempre que a professora propunha um presente criativo para o Dia das Mães eu ficava imaginando o que ele ia fazer e, o pior: pra quem ia dar. Eu evitava olhar para ele nessas horas. Não queria ter pena dele. Não sabia o que fazer por ele. Eu só imaginava ele chegando em casa com aquele presente e não ter para quem entregar. Eu tinha para quem entregar. Ele, não.
Um dia experimentei, de leve, aquela sensação dele. Preparei o presente, ensaiei o raio da musiquinha e a dinâmica daquela festa maldita era cantar a musiquinha com uma flor na mão, cada aluno olhando para sua orgulhosa e emocionada mãe, e depois entregávamos a rosa e o presente para a mamãe chorosa. E todos se abraçavam e eram felizes. Só que minha mãe ficou presa no trabalho e não conseguiu chegar na festinha. Sim, porque esses eventos inconvenientes eram sempre tipo numa sexta, às 3 da tarde. Como se ninguém trabalhasse. Como se todos os chefes de mãe fossem compreensivos e liberassem suas subordinadas às 2 da tarde pra ouvir uma cantoria desafinada, receber uma flor e borrar a maquiagem abraçada à sua prole.
Enfim, minha mãe não foi e eu não sabia que ela não iria. Passei a porra da música inteirinha procurando por ela no meio daquele monte de lágrimas sorridentes. Acabou a música e cada um correu para seu colo materno. Eu não achei o meu. Pensei em comer a rosa e fingir que não era comigo, mas eu tava chorando e me sentindo só. Fiquei com medo de engasgar. Guardei aquela rosa cafona e nem me lembro como foi o resto do dia. Só lembro que nenhuma daquelas mulheres era minha mãe e que eu era a única a sair da escola com uma rosa na mão. Perdida. Sem mãe.
Mas, ainda assim, ao chegar em casa eu teria a minha mãe. Todos os comerciais de Dia das Mães poderiam ter sido feitos para a minha família. A rosa cafona saiu do colégio na mão errada, mas seria entregue à mão certa. Mais tarde, mas seria. E meu amiguinho? O que ele faria naquele domingo em que os restaurantes têm filas homéricas e as floriculturas raspam seus estoques? Brincar com quem, já que todos os amigos dele eram obrigados a passar o dia com suas mães (ainda que não quisessem)?

Os anos passaram e lidar com datas foi ficando cada vez mais chato para mim. Com o tempo, meu conceito sobre diversas imposições sociais foi se formando, mudando e/ou solidificando. Um deles é sobre essa coisa do Dia das Mães.
É o dia em que todo mundo dedica sua atenção e um presente à sua progenitora. Que legal. Passa o ano todo cagando pro que ela diz e se achando o ser mais esperto do mundo, aí resolve separar UM dos 365 dias pra levá-la pra almoçar e escrever palavras bonitas num cartão. Ou num email. Ou no whatsapp. Dá uma batedeira nova, um vestido, um bombom e agradece, cheio de orgulho, por ela ser sua mãe. No mesmo dia em que todo mundo faz isso. O tal do dia que alguém, que eu não sei quem foi (nem tô interessada), disse ser o Dia da Mãe. Da mãe de quem? Da minha, não. O dia da minha mãe pode ser uma segunda de verão, um sábado de primavera, uma terça de carnaval. Quem disse que é o 2º domingo de maio? Diazinho mais sem graça... E nego é muito esperto, porque botou bem ali pro meio do mês, quando o salário já saiu e dá para investir legal em presentes, né?

O dia da minha mãe é o dia em que ela nasceu. O dia em que minha vó botou no mundo uma criatura incrível, iluminada, de bom coração. Essa mulher cheia de amor dentro de si e que dedica esse amor não só a mim, mas a quem mais ela puder, não é só mãe. É uma mulher! E a cada aniversário eu agradeço por aquele ser o dia que marca mais um ano da existência dela no mundo.

"Ah, mas ela poderia não ser mãe e o dia do aniversário dela seria comemorado da mesma forma". Ora... Então comemoremos o dia em que ela se tornou mãe! O dia do meu nascimento! Se tem 3 filhos, comemore 5 vezes: o dia em que a mãe dela nasceu, o dia em que ela tornou a mãe dela mãe (seu aniversário), e as 3 vezes em que ela gerou vidas!
"Mas ela não gerou. Adotou". Comemore o dia da adoção, o dia do nascimento daquela criança que a tornou mãe... Enfim, faça os SEUS dias das mães. E que eles sejam únicos. E que não sejam obrigações. E que tenham amor.

E parem, escolas, de constranger e entristecer meu amiguinho! Coisa mais desagradável isso! A mãe dele morreu. A mãe dele fugiu com um circo. Ele não sabe quem é a mãe dele. Ele tem duas mães. A mãe dele é um homem que ele chama de pai.

12/12/2014

O roceiro de Limoeiros

Já ouviu falar em Limoeiros? Limoeiros era uma comunidade muito alegre, unida, onde todo mundo se amava e era feliz e sorria e fazia festa e era lindo e vivia junto e tinha muito orgulho de ser assim desde sempre.
Alguns membros de Limoeiros resolveram se aventurar pelo mundo, buscar outras experiências, e saíram da comunidade. Fisicamente, apenas. Porque emocionalmente, uma vez de Limoeiros, sempre de Limoeiros!

Três dos membros da comunidade decidiram tentar a vida na roça. Primeiro foi um, conhecido como Roceiro. Depois, um casal: o Lenhador e a Lenhadora. Ficaram muito unidos no início, seguindo a tradição de Limoeiros. Capinavam juntos, cortavam cana juntos, cuidavam do pasto juntos. Depois de um tempo, cada um assumiu seu sitiozinho e, com tanta coisa para fazer, acabavam quase não se encontrando. No início, os 3 vendiam cana-de-açúcar juntos. Depois, o casal optou por trabalhar com fabricação de queijo, enquanto o Roceiro partiu para o plantio de hortaliças.
No tempo em que estavam juntos direto, tanto pelos laços de Limoeiros, quanto pelo trabalho que faziam conjuntamente, se estranharam algumas vezes. O Roceiro e o Lenhador, amigos de infância, se entendiam do jeito deles, muitas vezes sem dizer qualquer palavra. Já a Lenhadora, que conheceu o Roceiro quando se apaixonou pelo Lenhador, tinha um pouco mais de dificuldade de compreender algumas atitudes do Roceiro.
Certa vez, o fogão à lenha da casa do casal parou de funcionar. Ficaram horas tentando consertar e nada. De repente, chega o Roceiro já dizendo “eu percebi que parou de sair fumaça daqui e vim ajudar. Trouxe lenhas e minhas ferramentas”, e já começou a mexer no fogão. Só que ele era muito atrapalhado. Derrubou o leite que estava em cima do fogão, deixou cair um martelo no pé da Lenhadora, botou mais lenha do que o fogão suportava e, por fim, com tanta lenha, acabou quase botando fogo na casa inteira. Imagine a fúria da Lenhadora...
E fez outras tantas trapalhadas. Tipo deixar o portão do casal aberto, possibilitando a fuga do cachorro deles. Subiu no telhado para pegar uma pipa e quebrou umas 15 telhas. Quase atropelou o casal com sua charrete... O Lenhador achava normal, botava tudo na conta do jeitão do amigo. A Lenhadora, em certo momento, chegou e pensar que ele fazia essas coisas de propósito. Não era possível uma pessoa tão desastrada!

Enquanto isso, em Limoeiros, a vida seguia daquele mesmo jeito feliz de sempre. Os 3 iam até a comunidade sempre que podiam. Juntos e/ou separados. E, eventualmente, alguém da comunidade ia até a roça visitá-los. Apesar de a estrada entra a roça e a comunidade ser de mão dupla – ou seja, a mesma distância e a mesma facilidade entre os dois pontos – os 3 iam mais para Limoeiros do que recebiam membros da comunidade.

Há anos a NASA havia enviado um alerta de que um meteoro poderia cair sobre Limoeiros. Não puderam precisar a data, nem as consequências da queda do meteoro. Apenas publicaram a notícia em seu site. Alguns achavam que era lenda urbana e faziam até piada. Outros nem leram a notícia porque não sabiam falar inglês – idioma em que a notícia fora publicada. Quem realmente se preocupou com o evento não sabia o que fazer. Afinal, quem teria o poder de desviar o curso de um meteoro?
Ninguém.

Chegou o fim de semana. Em Limoeiros, todo mundo junto, feliz, sorrindo e se amando. Na roça, os 3 curtiam uma roda de viola no quintal, sob a luz das estrelas, com um 4º membro da comunidade que havia se mudado há pouco. De repente, a previsão se cumpriu da pior forma possível. O meteoro se partiu em milhares de pedaços, que caíram sobre a comunidade e atingiram também a roça em cheio. Devastou a comunidade. Destruiu a roça.
Em Limoeiros, muita gente ferida, casas destruídas. Aquela alegria deu lugar ao desespero. Acabou a luz na comunidade. No escuro, pessoas corriam de um lado para o outro, buscando socorro, procurando feridos. Se esbarravam, gritavam. Alguns conseguiam, mesmo se arrastando, ajudar os que pareciam em pior situação. E foram se amparando. As ambulâncias chegaram. Muitos enfermeiros, medicamentos, água, macas começaram a aparecer. Mesmo assim teve ferido que, de tão desorientado, ficava correndo sem destino e gritando de desespero, pisoteando gente que mal conseguia se levantar por conta dos machucados.
Quando amanheceu, a luz do sol possibilitou a identificação dos estragos. Algumas casas ficaram irrecuperáveis. Teve gente que chegou a perder os movimentos. Teve gente que ficou em estado de choque e não conseguia fazer nada – nem se ajudar, nem ajudar os outros. Mas a comunidade era muito unida. Então aqueles medicamentos foram distribuídos e os atingidos iam amparando uns aos outros.

Na roça o estrago também foi grande. Os 4 (os 3 + o recém-chegado) foram atingidos em cheio. Ao perceber que o casal estava bem machucado, o Roceiro (mesmo sangrando) pegou seu cavalo mais veloz, botou o casal em cima e correu com eles para a comunidade. Sabia da importância de estarem em Limoeiros. Não só para que se medicassem, como também para que pudessem tomar ciência do estrago feito na comunidade e, consequentemente, ajudar os demais membros.
O 4º Elemento (aquele novo morador da roça) foi parar numa estrada de terra um pouco distante dos 3. Não conseguiu ser resgatado pelo Roceiro, como aconteceu com o casal. Mas, felizmente, foi encontrado por vizinhos atenciosos que o levaram para casa e cuidaram de seus vários machucados.

O tempo passou.
Em Limoeiros, alguns habitantes ficaram com sequelas irreversíveis. Uns cegos, outros surdos. Uns com dificuldade de locomoção. O susto foi tão grande que deixou alguns catatônicos, com baixa capacidade de discernimento, vivendo uma realidade paralela, acreditando em verdades que nunca existiram como, por exemplo, que a explosão do meteoro foi uma chuva de estrelas. Ou que não se tratava de um meteoro, mas de um cometa.
Só que a comunidade é muito unida, como já foi dito e re-dito e re-re-dito e todos fazem questão de reafirmar. Todo mundo se ajudou e Limoeiros virou uma grande rede assistencial, onde um medicava o outro, um dava banho no outro, um dava de comer ao outro, um limpava as feridas do outro, um ouvia pacientemente as sandices do outro. O casal da roça, capengando e cheio de curativos, ia todos os meses para ajudar também.

Na roça, mesmo ferido, o Roceiro ia quase diariamente na casa do casal para trocar curativos e levar mais medicamentos. Aquele cara atrapalhado e controverso, que por vezes desafiou a paciência da Lenhadora, se tornou um talentoso enfermeiro. Ajudava até a fabricar os queijos enquanto os machucados das mãos do casal não saravam!

Se alguém daquela comunidade unida apareceu para ajudar a medicar o pessoal da roça? Bem... Como já dito, a estrada que ligava a roça a Limoeiros era a mesma. Só que não apareceu ninguém não. Mandaram umas caixas de remédio – alguns já vencidos, inclusive. Cartas foram enviadas uma meia dúzia de vezes. Nelas, todo um relato do estado clínico dos membros da comunidade e, lá na última linha, uma pergunta escrita a lápis: “Os ferimentos dos moradores da roça estão sarados?”. Em seguida, as opções “Sim” e “Não” para serem assinaladas, sem espaço para justificativa da resposta.

Hoje a comunidade vive bem, em sua maioria. Algumas casas foram reconstruídas, as festas voltaram a acontecer e os que ficaram com sequelas da catástrofe estão adaptando sua rotina conforme suas limitações e reaprendendo a viver.
O quarteto que vive na roça segue fazendo suas rodas de viola ao redor da fogueira, com os donos dos sítios vizinhos. Às vezes caem uns temporais e a cantoria não acontece. Aí eles esperam a lama secar e fazem tudo de novo. O Roceiro ainda cuida do casal – quando chega medicamento vencido, por exemplo, ele joga a caixa fora e compra outra igualzinha pro casal não se sentir mal ao perceber que mandaram produto fora da validade. Só que ele é tão atrapalhado que sempre um dos dois lenhadores acaba achando a caixa velha no lixo. E o casal finge que não viu e que acredita que aquele remédio novinho foi mandado pela comunidade.

Aquela caixa velha, com a validade ultrapassada, poderia despertar tristeza, ressentimento. Afinal, a comunidade de onde eles saíram toma todos os remédios e manda só o que sobra para a roça. Ainda por cima, sem possibilidade de uso. Mas o casal prefere ver nela a representação do cuidado fraternal que o Roceiro dedicou quando eles mais precisaram. E é isso o que importa. E salve Limoeiros!


*Atenção, Roceiro: Isso não quer dizer que você vai quebrar mais 15 telhas do casal, ok? A Lenhadora te mata!

25/10/2014

Criativa TPM Furiosa

Quase 3 anos sem publicar aqui, gente! Noooossa...

Nesses 3 anos, um monte de coisa aconteceu, mudou, se transformou, acabou, começou... Uma das poucas coisas que permaneceram praticamente na mesma, após 3 anos, foi a minha TPM. Sim, sofro disso. Não, não cuido disso. E não cuido porque não quero, odeio tomar remédio e seguir receitas/dietas. E acho que no fundo, bem lá no fundo do meu cérebro, fica o desejo de não matar a TPM por causa dos benefícios que ela me traz.

Explico: na TPM eu fico mais criativa, tenho mais iniciativa, vontade de realizar, fico mais sensível, mais sincera. Tá, essas mesmas características que me beneficiam, também prejudicam. Ao menos algumas delas.

A sensibilidade é física e emocional. Meus sentidos ficam todos mais apurados.
Se o Maradona peidar na Argentina e for época daquelas frentes frias que vêm de lá pro Brasil, capaz de eu sentir aqui.
Fica impossível assistir qualquer comédia romântica sem chorar.
Por outro lado, sou capaz de abraçar um inimigo carente. Ou de cortar relações com um amigo que não cumpra algo que combinou comigo.

A sinceridade... Bem, essa já costuma me acompanhar cotidianamente. Só que com a idade e em algumas circunstâncias, assumo que tenho engolido muito mais sapos e equilibrado mais a exposição das minha verdades. Mas na TPM ela fica meio que sem freio, o que é muito bom para quem consegue suportar as consequências de ouvir algo que vá contra suas expectativas. Do contrário, é sincericídio na certa! Minha opiniões saem do meu cérebro e vão para a minha boca mais rápido que um espirro! E aí rendem muita gargalhada, discussão, gratidão e/ou raiva.

A iniciativa também é uma faca de 2 gumes. Se por um lado, aquela lâmpada que tá queimada há 2 semanas é trocada de uma hora pra outra e ainda aproveito a escada pra organizar aquela zona que se formou lá em cima do armário, por outro uma rosa pode gerar divórcio. Porra! Não sabe que ODEIO rosa?! Não me conhece o suficiente? Então não me merece...

E como passar por isso sem causar uma hecatombe? Aaahh, aí é questão de administração. Sabedoria adquirida.
Uso a sensibilidade para provar um prato novo e evito situações emocionais com pessoas de quem gosto.
A sinceridade fica difícil administrar. Então evito DRs (discussões de relacionamento) e tento direcionar mais para o lado do humor, que, por sinal, fica afiadíssimo.
Realizar algum projeto mais complexo ou tomar alguma decisão mais séria... O início do processo pode até se dar na TPM, aproveitando os rompantes de iniciativa, mas a conclusão precisa esperar o fim dessa semana. Afinal, vai que a sensibilidade abre a porta para a raiva e a decisão é pautada pela ira? Melhor não arriscar.

Enfim, a TPM me trouxe de volta pro blog. Se os posts forem feitos somente em uma semana por mês, já sabem... Melhor maneirar nos comentários.

14/12/2011

Vai um flyer aí?

Ei! Você que foi contratado para prender flyer na janela dos carros. Você mesmo! Você tem carro? Sei não...

Ok, o trabalho é digno, as empresas precisam se divulgar, as pessoas precisam trabalhar, os consumidores precisam conhecer o produto/serviço... Mas esqueceram que o pobre do carro não tem nada a ver com isso. E o vidro dele então?

Aí você chega no seu carro e vê que algum ser (não sei se humano) colocou um flyer bem no vidro. Quem lê isso, pensa "ah, mas é só tirar e jogar no lixo". Sim! Poderia ser simples assim, mas os colocadores-profissionais-de-flyer não estão no mundo para facilitar nossas vidas e, infelizmente, têm o pensamento virado do avesso com relação à relação motorista+carro+chuva. E aí o que acontece?

Acontece que a pessoa colocadora-oficial-de-flyers-em-vidros-de-carros escolhe dificultar sua vida e coloca o raio do papelzinho de propaganda sabe onde? No vidro da porta do motorista? Não! No vidro do passageiro que fica atrás do motorista? Nããoo!! Ah, no parabrisa do lado do motorista? CLARO QUE NÃO!

A pessoa coloca o panfletinho (como diria minha avó) no parabrisa do lado do carona. Só que não é tão simples assim. Sempre que este profissional faz a escolha cretina pelo lado direito do parabrisa, pode ter certeza que houve uma consulta ao Climatempo e ele viu que choveria. É sério!

Pode perceber: se o tempo estiver bom, todos os flyers estarão presos no vidro do motorista. Agora se estiver chovendo... Ah, periga estar no vidro traseiro do lado direito. E sabe por quê?

Pensa comigo: está chovendo, você está chegando para entrar no carro sequinho. O cérebro parece emitir comando único para abertura imediata da porta que vai te levar à redoma sobre quatro rodas. A visão periférica quase fica prejudicada durante o processo. Ao ligar o limpador, você ganha uma visão de mundo completamente diferente, com pedaços de papel colorido e palavras molhadas, tudo se desmantelando e se espalhando a cada passada da haste.

Chega na garagem e toda aquela chuva só fez aumentar a vontade de fazer xixi. O cérebro agora comanda uma reta até o elevador e a posição correta da chave, para não ter erro. Sai correndo pela garagem, reza para não faltar luz até chegar no seu andar. Prooonto. Chegou na redoma master.

No dia seguinte, um lindo dia de sol. Chega no carro e o que temos no parabrisa? Pedaços de papel colorido secos e completamente grudados. Agora tenta tirar... O grosso sai, mas fica uma película grudada por ali, e aquele flyer desgraçado vira uma tatuagem que nem com a unha sai do vidro.

E aí fica uma dúvida: será que há um acordo entre os colocadores-profissionais-de-flyer e os lava-carros? Porque só eles conseguem tirar aquela praga do carro!
Quem tiver essa resposta, ganha um vale-flyer-do-lado-do-motorista. Para facilitar a vida.

06/10/2011

"Teje" preso!!

Quando a internet surgiu para mim, um novo mundo parecia disponível bem na tela do meu computador.
Se antes eu achava que com um monitor e um teclado era possível me comunicar na mesma linguagem do Hulk, quando cada letra que eu digitava surgia verde bem na frente dos meus olhos, quando fui apresentada ao tal do Internet Explorer vislumbrei um universo bem mais colorido e cheio de novidades.

Me disseram que a internet me levaria para vários cantos do mundo sem que eu saísse de casa. E levou. E trouxe bastante gente para dentro da minha casa também. Com aquela onda de chat, os amigos virtuais conversavam comigo como se estivessem na minha sala.

Aí depois me falaram que a web é o meio mais democrático de comunicação. Surgiram sites, blogs, orkut e mais um monte de formas de saber o que os outros pensam, como gente das mais diversas partes do planeta viam os mesmos assuntos que me interessavam, uma maneira de expor minhas opiniões e discutir sobre elas. Praticamente uma mesa de bar virtual, sem limites geográficos.

Só esqueceram de me dizer que aquela suposta liberdade era só uma isca para fisgar aqueles que pensam e exaltar aqueles que "pensam" como a maioria pensa ser certo pensarem. Veio o primeiro processo baseado em algo registrado em algum www. Achou-se que seria um caso isolado, quase uma aberração. Depois veio outro processo, que virou argumento para outro mais outro mais outro. E agora ninguém mais pode dizer ou discutir nada sem medir as palavras que serão digitadas. Tudo tem que ser muito pensado, pois uma palavra supostamente mal colocada pode render alguns salários-mínimos de indenização. Ou uma demissão. Ou uma inimizade.

Agora passamos do ano 2000, entramos no século em que pensamos que viveríamos como os Jetsons. Temos as tais das mídias sociais, qualquer um pode escrever qualquer coisa para qualquer um ler. Opa! Qualquer coisa não!

A verdade, para mim, é que o que pensei ser uma mesa de bar virtual tornou-se uma prisão digital. Estamos todos presos. E o pior: com a sensação de que somos livres.

Então voltemos ao botequim. Lá, sim, as palavras transitam sem vergonha. Só não podemos esquecer de falar um pouco mais baixo, porque agora também tem aquele negócio de processar por calúnia, preconceito e sei lá mais o que. Mas isso é assunto para outro post...

22/09/2011

Vem, satélite!

Na semana passada a NASA deu uma notícia muito light para os terráqueos.

Há um satélite sem serventia, que virou lixo espacial, que vai cair na Terra entre hoje e o próximo sábado. Mas o mais legal é o seguinte: o bicho tem não sei quantas centenas de quilos e pode cair em qualquer lugar do planeta. É tipo assim... Sabe aquelas gaivotas que a gente faz com folha de caderno, que ficam meio tortas e sem direção, que a gente mira lá de trás da sala no CDF que não dá cola e acaba acertando na professora? Então... A diferença é que eles não miraram em Brasília, por exemplo, mas podem acabar acertando na minha mãe.

Aí os caras vieram com uns cálculos muito loucos que dizem que qualquer um de nós tem 1 chance em 3200 de dar boas vindas ao tal do satélite.

Curiosa que sou, entrei no site da Caixa Econômica para ver a probabilidade de acertar na Mega Sena, porque achei muito pouca a chance de não ser sorteada pelo tal do lixo espacial. E vi que a chance de um apostador levar o prêmio máximo da Mega é 1 em 50.063.860.

O que isso quer dizer? Quer dizer que É MAIS FÁCIL EU TOMAR UM SATÉLITE NO QUENGO DO QUE FICAR MILIONÁRIA!!!

15/09/2011

Amigo com H maiúsculo

Há anos observo a resistência de alguns homens com os quais convivo em aceitar a existência da amizade verdadeira entre homem e mulher. E não só os homens. Encontrei também muitas mulheres que não acreditam nessa possibilidade.

Já ouvi argumentos absurdos, tipo "só dá certo se um dos dois for muito feio", "só se for por interesse" ou "só se um dos dois for gay".
Quanta bobagem...

E a televisão agora deu para expressar isso também. Numa época em que se luta para acabar com os preconceitos, as novelas colocam praticamente um gay em cada novela, mas as amizades entre homens e mulheres ainda não quebraram a barreira. Pode perceber. Sempre que há um amigo e uma amiga na história, um deles se apaixona pelo outro. Um saco!
Estou falando das novelas da Globo. Sim, sou alienada e assisto novela na Globo. Adoro.

Particularmente sempre preferi ter amigos homens. E apresento aqui algumas razões bem consistentes (pessoais, é claro):

-> Afinidade: na minha infância era mais fácil conversar sobre futebol, surf, rock e He-Man com os meninos do que com as meninas, que preferiam falar só sobre papel de carta cheiroso, Barbie, Xuxa e She-ra.
Na adolescência, era com eles que eu falava palavrão sem ser criticada.
Já adulta, é mais fácil ser acompanhada por eles num porre homérico de cerveja do que pelas mulheres que vão vomitar após a primeira garrafa de champã.

-> Estratégia: saber quem é a gostosinha da turma, quem é a vagabunda, quem é a burra da galera facilita que a menina escolha em que turma vai se inserir, com quem é melhor andar.
É com o amigo que a mulher aprende o que conversar com um homem, como se comportar numa conquista, o que fazer no primeiro encontro.
Fora que um amigo homem tem outros amigos homens que podem ser muito interessantes. Aí vem a permuta. A mulher apresenta as amigas para o amigo, o homem apresenta os amigos para a amiga e todo mundo beija na boca. eeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!

-> Lealdade: o amigo homem tem uma capacidade maior de guardar segredos. Isso é fato!
Um amigo homem (hetero, no caso) jamais se apaixonará pelo namorado da amiga.
E só um amigo homem vai ter coragem de falar as maiores verdades para a amiga sem ter medo de magoar. Dificilmente uma mulher ouve da outra "você tá gorda" ou "que roupa é essa?". Um amigo te diz o quanto você tá ridícula sem rodeios, sem medo de acabar com a amizade. E a mulher tem a certeza de que é uma opinião sincera, não rola aquela dúvida "será que é despeito?".

Então o que tenho a dizer sobre amizade entre homem e mulher é: SIM! É POSSÍVEL!
E aproveito para postar uma foto que retrata bem a cumplicidade entre amigos de longa data (tipo uns 12 anos), que mesmo depois de formarem suas famílias e virarem adultos sérios (?) são capazes de continuar cúmplices na alegria e na tristeza.


Obs.: Óbvio que a abordagem aqui é feita de uma forma generalizada. Há amigas que são tão boas e parceiras quanto os amigos.