31/08/2011

MIL lambuzado de açaí

Atendendo a pedidos após o sucesso do primeiro post sobre MIL - Música para Interpretação Livre (olha aqui), lá vem mais um.

E a música de hoje é Açaí, do Djavan.

Solidão de manhã, poeira tomando acento
Se é comigo, já ia começar a crise de rinite.
Rajada de vento, som de assombração, coração
Sangrando toda palavra sã
E como falar em sanidade num ambiente mal assombrado feito esse? Muito medo!

A paixão puro afã, místico clã de sereia
Oi?? Acho que a sanidade sangrou tanto que morreu de hemorragia e virou essa viagem, negócio de sereia misturado com paixão. Sei não...
Castelo de areia, ira de tubarão, ilusão
Pô, castelo de areia com rajada de vento não combina! E a ira do tubarão fez com que ele comesse a sereia? Não, não, foi tudo truque do ilusionista do lugar mal assombrado falado lá em cima.
O sol brilha por si
Ufa! Algo parece ter acontecido normalmente. O sol brilhou por ele mesmo, nem precisou de pilha. Ufa!

Açaí, guardiã
Zum de besouro, um ímã
Branca é a tez da manhã
Aaaah, pronto. O sol queimou o cérebro do cara, tamaha a intensidade do brilho. Só pode!
Mas que viagem!
Vamos tentar: a sereia então guardou o açaí, livrando-o do besouro, que sentiu uma atração irresistível, como se fosse um ímã, e tentou comer a fruta. A sereia se chamava Manhã e era branquelona.

Uma dica: Aquele que inventar filtro solar próprio para sereias vai ficar rico. Ou talvez mixando esta música com o Pedro Bial recitando "Filtro Solar" dê para resolver esse probleminha sem oferecer riscos à saúde da Manhã, né?

25/08/2011

Perguntas que poderiam ser evitadas

NUMA LOJA DE CONVENIÊNCIAS:
- Um chiclete e um chocolate, por favor.
(entrega uma nota de R$ 50,00)
- Não tem trocado?
Merecia ouvir: - Tenho, mas tô de sacanagem contigo porque quero te ver contando moedinhas do caixa.
Ou: - Não, sou ryca e não trabalho com trocados. Inclusive o troco que você vai me dar agora eu vou jogar na próxima lixeira porque não gosto de cédulas de baixo valor, muito menos de moedas tilintando ao meu redor.
Mas ouve: - Infelizmente não.

A PESSOA TÁ DEITADA, DE OLHO FECHADO, BABANDO:
- Tá dormindo?
Merecia ouvir: - Não. Tô verificando o alinhamento dos meus cílios inferiores em relação aos superiores.
Ou: - Não. Tô me fingindo de morta para ver se alguém sente minha falta. Ando meio carente.
Mas ouve: - Estava. Até agora, pelo menos.

D.R. ROLANDO SOLTA. TPM BOMBANDO:
- Por que você está nervosa?
Merecia ouvir: - Talvez pelo fato de eu estar inchada, com a certeza de que vou sangrar por uns 4 dias tendo que usar uma almofada entre as pernas para não sujar tudo, me sentindo feia e gorda, e também por saber que nesses 4 dias nenhuma roupa do meu armário ficará realmente boa em mim. Isso tudo acompanhado por um idiota que ainda tem coragem de me fazer esta pergunta.
Ou: - Você sabia que nos EUA já houve casos de mulheres absolvidas em processos por assassinato? A defesa alegou TPM.
Mas ouve, aos berros: - EU-NÃO-ES-TOU-NER-VO-SA! Mas vou ficar...

NUM RESTAURANTE:
- Uma Coca-Cola, por favor.
- Gelo e limão?
Merecia ouvir: - Quem foi o imbecil que decretou que Coca tem que vir acompanhada de gelo e limão?
Ou: - Sim, mas traz também outro copo para a Coca. Porque com o gelo e o limão só me ocorre fazer uma limonada.
Mas ouve: - Só gelo, por favor.

AO TELEFONE:
- Por favor, eu gostaria de falar com o Armando.
- Pois não. Quem deseja?
- Jorge Pereira.
- Jorge de onde?
Merecia ouvir: - De Muzambinho, mas fui criado em Salvador porque minha mãe conheceu um caminhoneiro e fugiu com ele, largando meu pai e me levando junto. Aí quando eu fiz 15 anos engravidei uma prima e viemos para São Paulo escondidos. Depois de passar anos traficando para fazer dinheiro enquanto minha prima fazia programa, finalmente fui preso. Aí eu saí e trabalhei de engraxate. Como eu engraxei muito bem o sapato do dono do Unibanco, hoje sou gerente de contas preferenciais da agência de Ipanema. Mas não estou muito feliz... (e desanda a falar sem parar)
Ou: - Do banheiro. Tô cagando, mas preciso falar urgente com o Armando.
Mas ouve: - É particular. Sou amigo dele.

NUMA LOJA DE ROUPAS, LÁ VEM A VENDEDORA CHEIA DE SORRISOS:
- Posso te ajudar?
Merecia ouvir: - Não. Ninguém pode me ajudar. Eu sou mesmo uma infeliz! (simula choro compulsivo) Não aguento mais essa vida!
Ou: - Pode. (enfia a mão na bolsa) Eu tenho essas contas aqui para pagar, mas estou sem dinheiro. Você pode pagar para mim?
Mas ouve: - Estou dando uma olhadinha. Obrigada.

A PESSOA DE CABEÇA BAIXA, QUIETA, COM LÁGRIMAS ESCORRENDO PELA FACE:
- Você está chorando?
Merecia ouvir: - Não. Pinguei colírio em excesso.
Ou: - Não. Estou hidratando o rosto com este líquido milagroso que sai dos olhos. Li numa revista que faz super bem e estou testando. Depois te conto se deu certo.
Mas não ouve nada. Apenas vê um balançar de cabeça afirmativo.

SÃO 5 DA MANHÃ, SAINDO DE UM BAR DEPOIS DE 16 CHOPPS E 1 TEQUILA, SUA MÃE TE RECEBE COM A SEGUINTE PERGUNTA:
- Você tá bêbada?
Merecia ouvir: - Tô. E estou chegando só agora porque achei legal andar pelada pela rua e fui presa.
Ou: - Não tanto quanto quando você resolveu se casar com meu pai.
Mas ouve pausadamente quase um sussurro: - Tá tudo bem, mãe. Só tô com sono.

HORAS DE SEXO INCRÍVEL COM AQUELE CARA GATO QUE TODO MUNDO QUER. OS DOIS EXAUSTOS DESPENCAM, ELE OLHA PARA ELA E PERGUNTA:
- E aí? Foi bom prá você?
Merecia ouvir: - Tinha sido bom até você fazer essa pergunta.
Ou: - Você não se garante não, meu filho?
Mas ouve, ofegante: - Ô!

ALMOÇO EM FAMÍLIA, A TIA TRAZ A SOBREMESA E COLOCA NA FRENTE DO TIOZÃO:
- Fiz aquele pavê de bombom que você adora.
- É pavê ou pacumê?
Merecia ouvir: - Você não cansa desse trocadalho do carilho?
Ou: - Gente sem graça feito você é pafudê!
Mas ouve: - Ah, Zé Carlos... Sempre espirituoso... Quer um ou dois pedaços, querido.

PAULA ESTÁ NO FUMÓDROMO DA BOATE, CHEGA AQUELE BÊBADO CHATO QUE PASSOU A NOITE INTEIRA AZARANDO TODO MUNDO E NÃO PEGOU NINGUÉM:
- Você fuma?
Merecia ouvir: - Não. Tô só afim de um cancerzinho no pulmão só para sair da rotina.
Ou: - Não. Na verdade eu sou um dragão e essa fumaça é uma manifestação natural da minha espécie, que ocorre toda vez que sou incomodada.
Mas ouve um seco: - Aham.

19/08/2011

Sushi Yama e seu rolinho primavera

Semana passada fui conhecer o Sushi Yama, um restaurante japonês em Florianópolis.

O lugar é lindo, super bem decorado. Quando se vê de fora, parece bem pequenininho, mas é bem grandinho.

As mesas são bem distribuídas, garantindo certa privacidade aos clientes. Não é aquela coisa meio Mc Donalds, com uma mesa colada na outra, você ouvindo a conversa do casal ao lado. É muito bonito o local.

O restaurante estava vazio. Além de nós 4, havia mais uns 2 casais. As garçonetes são muito bem educadas e gentis. Mas ainda estou tentando entender por que o atendimento demorava tanto, e fiquei pensando como deve ser quando o local está cheio.

A comida é boa, mas, na minha opinião, ainda não bateu o Nigiri (também na Lagoa da Conceição). Estávamos há 40 minutos ali, quando nos avisaram que a cozinha fecharia. Eram 23:30h de domingo. Pedimos, então, uma porção de rolinho primavera e o segundo combinado de 18 peças.

Se no primeiro combinado o salmão veio super bem cortado e organizado em forma de flor, no segundo já não veio tão decoradinho e o corte era bem grosso.

Mas o pior foi o rolinho primavera. Estava gelado por dentro e por fora! Sério, eu nunca tinha visto isso! Morder algo que está gelado por dentro já havia acontecido. Agora, uma fritura gelada por fora foi um feito inédito!

Eles mandaram outra porção e pediram desculpas pelo ocorrido, mas é complicado comer com prazer depois de morder uma fritura gelada.

Muitas pessoas elogiam bastante o Sushi Yama. Talvez não tenhamos dado sorte. Mas os restaurantes precisam entender que um erro bizarro desses pode estragar a imagem do estabelecimento, e deveriam ter algum plano para fidelizar um cliente que passa por isso.
Desconto para a próxima visita é apenas uma das opções.

18/08/2011

Chorar ou não chorar? Eis a questão!

Jovem, bonita, amante da liberdade (de expressão, de ideias, de comportamento), batalhadora e cheia de sonhos - assim é Gisela. Parece a figura da mulher perfeita, aquela que topa tudo, que ri muito, que é cheia de amigos, qua adora viajar. Mas ela tem defeitos, acredite.

Tem TPM, é ciumenta, insegura, um pouco autoritária. Ela luta para não demonstrar nada disso, mas é tão autêntica que tudo aflora, fica estampado na cara. Mas acaba que suas qualidades muitas vezes suavizam, ou mesmo anulam, o seu lado difícil.

Gisela é daquelas pessoas que vivem intensamente. Se ama, ama muuuuuito. Ela não ri, ela gargalha. Não apara as pontas do cabelo, ela pede para o cabelereiro tosar. Gisela não é de ligar para desejar "feliz aniversário", mas de organizar a festa. Se bebe, toma um porre. Se vai bater um papo, vira a noite falando. Já que vai num show gringo, googla todas as letras que não conhece para poder cantar bem alto. Se matricula na academia e resolve virar miss fitness. Ela é assim. Na veia.

Desde o primeiro beijo na boca até seus 24 anos, essa conduta visceral proporcionou à Gisela muitas histórias, muitos amores e, obviamente, uns tantos dissabores. Mas a maior desilusão foi há 1 ano e meio, mais ou menos.

Do nada, um amigo do amigo do amigo apareceu na vida dela. Se conheceram numa pré-night (também conhecida como "esquenta") que o amigo do amigo fez na casa dele. Conversaram horrores, riram muito e descobriram muita coisa em comum. Frequentavam a praia no mesmo local, participaram das mesmas chopadas, tinham conhecidos em comum. Ela já morou no bairro em que ele mora. Ele nasceu no hospital em que a mãe dela trabalha.

Enfim, havia uma night ainda pela frente, né? Foram todos para a mesma festa, cuja promessa era reunir a maior quantidade de gente fina, elegante e sincera por metro quadrado. Chegando lá, ele pegou um drink para ela. Gisela é pegadora, mas estava curtindo aquele climinha e nem fez questão de pegar o drink e dar uma volta pela festa para ver o "cardápio" da noite. Naturalmente engataram um papo animado, riram muito dos bêbados presentes e dançaram. Gisela resolveu ir ao banheiro e, quando ia chamar as amigas para irem com ela, ele disse "vou contigo". Já entendendo o que estava por vir, ela só comunicou às amigas que já voltava. Elas já sabiam o que isso queria dizer.

Bem cavalheiro, ele esperou Gisela encarar aquela fila monstruosa do banheiro feminino. Quando ela voltou (devidamente penteada e com a mão lavada) falando "vamos?", foi só o tempo de ele tascar um beijo naquela boca que passou a noite inteira querendo a dele. Sim, ficaram juntos a noite inteira e ele a levou em casa.

No da seguinte, ela acorda com uma mensagem dele no celular: "Alguma chance de jantarmos hoje?". Ao que ela respondeu, sem rodeios "Você me pega que horas?". Jantaram, beijaram muito, conversaram mais um monte. Naquela semana, se viram mais umas 2 vezes. Ele sempre muito carinhoso. Ela, como previsto, encantada.

Na semana seguinte, se viram todos os dias. Foram juntos para uma micareta que era a maior promessa de pegação. Os amigos dele zoavam, as amigas dela também. Mas eles não estavam nem aí. Curtiram a micareta com seus amigos, se divertiram e só saíram quando tudo acabou. Todo mundo perguntando "Vocês estão namorando?", ao que ambos respondiam com um sorriso.

Ele ligava para ela todo dia. Ela também ligava para ele. Se falavam 2 ou 3 vezes por dia. Até que lá pela terceira semana, ele foi buscá-la para jantar e apareceu com uma linda orquídea (sua flor preferida). Ela achou lindo, mas só entendeu mesmo quando abriu o cartão, onde estava escrito "Namoro ou amizade? Você decide!". Óbvio que quase desmaiou e o encheu de beijos.

Um tempinho depois, aquela coisa de apresentar à família. Ela foi a primeira, recebendo ele em sua casa, com a presença dos pais, para comer uma pizza. Os pais de Gisela adoraram aquele rapaz. Bonito, simpático, inteligente e, o melhor, super carinhoso com a filha deles. Depois ela foi no aniversário da prima dele. Os pais dele adoraram ela, ficaram impressionados como ela entendia de culinária (ela passou boa parte do tempo trocando receitas com as tias dele).

Veio a comemoração de 1 mês de namoro. Tudo muito romântico. Uma semana antes de completarem 2 meses de namoro, saíram com os amigos para planejar a viagem do próximo feriadão. Ele estava meio sério. Ela percebeu, mas passou a noite gargalhando e fazendo a lista de compras para o feriado. Pela primeira vez, ele não ligou para dizer que havia chegado bem em casa. Quando ela ligou e perguntou por que ele não tinha ligado, a resposta foi um simples "esqueci". Ok, ela não estava afim de discussão por um problema tão pequeno.

A 3 dias do feriadão, ela resolveu fazer uma surpresa e pegá-lo no trabalho para jantar. Ele curtiu a surpresa, mas passou o jantar meio sério, falando sobre política, sobre o time dele e mais outras tantas coisas nada a ver. Ao deixá-lo em casa, perguntou por que ele estava tão estranho. Ele começou com "o problema não é você..." e ela já sabia o que aquilo significava. Experiência. Já tinha ouvido aquela frase. Nem deixou que ele terminasse. Só perguntou por que ele disse que a amava, ao que ele respondeu que "achava que a amava, mas se enganou". Se enganou???

Gisela falou todos os palavrões e xingamentos que conhecia, enquanto ele ficava quieto, de cabeça baixa. E sem derramar uma lágrima, mandou que ele saísse do carro dela (aos berros, claro) e que nunca mais se enganasse com ninguém. Ele foi embora. Ela ficou 2 minutos estática, com aquele bolo na garganta, mas estava determinada a não chorar. Ligou o carro e ficou com a mente vazia. Se perdeu no caminho para casa, o pensamento estava longe. Estava muito triste, mas tinha certeza que se derramasse a primeira lágrima nunca mais pararia de chorar. E como morria de medo de entrar em depressão, decidiu não sofrer.

Não ligou para nenhuma amiga. Só comunicou aos pais e pediu que não fizessem nenhuma pergunta. No dia seguinte, falou para as amigas que não iria mais viajar com a galera no feriadão, contando o fim do namoro bem por alto. Jurou que não estava sofrendo. Duas das amigas desistiram da viagem e resolveram comprar ingressos para as 3 irem numa festa maneiríssima que ia rolar bem no feriado. Foram, se divertiram, beijaram muito, e Gisela... nenhuma lágrima!

Um tio morreu e Gisela não chorou. Uma amiga sofreu por amor e Gisela não chorou. Aquele filme que em outro momento a mataria de tanto chorar, ela não assistiu (sabia do risco). A filha de uma amiga nasceu e nada de lágrima. Aquilo começou a assustar Gisela. Será que ela não tinha mais sentimentos? Será que estava seca por dentro? Será que nunca mais ela se emocionaria novamente?

Até que um dia, mais de 1 ano após o acontecido, mais de 1 ano sem chorar, Gisela estava assistindo TV e viu um comercial lindo de Dia dos Pais. Tentou segurar, mas não deu. Chorou assistindo o comercial. Continuou chorando quando ele acabou. E, finalmente, chorou pelo fim do namoro, pela morte do tio, pelo sofrimento da amiga, pelo nascimento da bebê. Passou horas chorando sem parar. Se entregou àquele momento e, ao mesmo tempo, ficou feliz po saber que ainda tinha sentimentos profundos.

No dia seguinte, a cara inchada no espelho mostrou para ela duas coisas: uma pessoa intensa como ela jamais conseguirá não ter mais sentimentos; é melhor chorar aos poucos, porque nem o melhor corretivo do mundo dá jeito numa olheira pós-choro-acumulado.